Quero
entender num momento as voltas que o mundo dá. Se em um instante todas as duvidas
se desvanecem ou se o caminho se mostra aos poucos, clareando passo a passo.
Estará definido o destino quando nasce um ser humano? Ou será que se faz com as
mãos a historia de uma vida, escrita pelo suor e pelo tempo?
Se há
um sopro de vida no momento do nascimento, acredito que este venha acompanhando
de alguma vocação. Alguma missão, que não a de repor à espécie uma existência outra
antes de sua morte. Deve haver um gosto de talento, um dom de existir que deve
ser um chamado a viver. Um convite de Deus, que diz: “Vem. Por isso viver vale
a pena”. Pois que viver é bom e é um prazer em si, mas viver é ainda melhor com
um toque de vocação.
Deve
ser algo gostoso e leve e que faça o tempo correr depressa. Deve se perder a
noção das horas e quando não executa, pensa nas possibilidades daquilo. E que o
prazer da conquista é maior do que a dor do trabalho e o suor derramado deve
ser fato sentido e concordado por todos que tem uma vocação.
Esta
pode apresentar-se bem cedo ou numa tarde do outono da vida. Mas será sempre
igual quando mostrar sua face. Fará o desejo renascer, a força de viver crescer
e trará à mente o pensamento de que o tempo é mesmo curto demais para se fazer
aquilo a vida toda. E há que se esquecer da dor, pois esta não terá mais lugar.
A dor agora será um prazer de se trabalhar no que se quer. Será velha e
dormirá.
Para
encontrar o chamado é preciso ter paciência e não pressiona-lo. Ele é como um
grande artista pronto para entrar no palco, mas que aguarda sua cena e se
prepara. Se estiver na luz antes da hora poderá se envergonhar e murchar de
embaraço. É preciso esperar.
Em sua
procura, vê as coisas que te dão prazer. E o que te faz feliz, faça isso! Se puder
ser feliz fazendo algo, já é metade de uma vocação. A outra metade é talento e
trabalho e deve-se buscar a excelência em tudo. Não se contente com o sorriso
de seu trabalho se este estiver torto ou carente de forma. Dê a ele aquilo que
precisa, o tempo necessário, limpa-o, endireita-o. E assim sentirá novamente o
chamado, e a si mesmo dirá: “Ah sim! Agora me lembro... foi por ti que valeu
respirar”.